ZIDARICH O SANGUE DO CARSO

14.1.2018

ZIDARICH O SANGUE DO CARSO

ZIDARICH O SANGUE DO CARSO.

 

Degustar um vinho de Benjamin Zidarich é algo que pode beirar o transcendental. É daqueles vinhos que já no primeiro momento ficarão marcados pelo resto de sua vida na memória olfativa. Não apenas pela complexidade ou camadas aromáticas, mas principalmente pela elegante excentricidade. Não a excentricidade do produtor, mas da região e do seu solo que nos presenteia com esse néctar.

 

A Região do Carso é formada por um planalto de rocha calcária que se estende desde o nordeste da Itália na base dos Alpes Julianos (província de Trieste) até o extremo noroeste da Croácia. A parte Italiana do Carso onde os 8 hectares de vinhedos do Produtor estão localizados possui clima continental com pequena influência do mediterrâneo. O vento “Bora” que pode atingir a região com velocidades superiores a 120 km/h contribui para grandes variantes climáticos, tornando a temperatura mais amena.

 

O solo é um dos diferencias devido a sua composição calcária de pedras compactadas e por possuir grande concentração de dióxido de ferro na superfície, deixando a terra avermelhada e conferindo ao vinho aromas e sabores intensos além da percepção de alguns destes elementos do solo na taça. Por isso os vinhos tintos produzidos nesta região podem ser chamados de o “Sangue do Carso” e os vinhos Brancos de “A Lágrima do Carso”.

 

O Produtor conduz seus vinhedos no sistema que os italianos chamam de Alberello  (Videiras plantadas no formato de arbustos). A colheita é toda manual com criteriosa seleção de cachos e a fermentação é feita com leveduras indígenas sem controle de temperatura, vale lembrar a ideologia do produtor ser calcada na viticultura orgânica.

 

“Eu acredito na tradição e vocação da minha terra, eu produzo vinhos de forma natural, de acordo com o conceito de vinhos reais”.  (Benjamin Zidarich).

 

Tive a oportunidade de degustar o seu vinho Zidarich Terrano 2009, produzido 100% com a uva Terrano que foram envasadas apenas 4.000 garrafas. O líquido anteriormente ao envase, passou 24 meses em grandes tonéis de carvalho da Eslavônia em cavernas escavadas na rocha dura a uma profundidade de 15 metros. Ao abrir a garrafa os primeiros aromas ainda tímidos se destacam, mas passá-lo por um decanter é necessário, para que assim amplie a palheta aromática e também retenha os resíduos que se formam na garrafa devido ao fato do produtor não filtrar o vinho.

 

No centro da taça possui cor púrpura intensa com um leve esvanecimento nas bordas, suas lágrimas escorrem densas dando indícios de sua potência. No nariz os aromas de ameixa seca, figo turco, especiarias, couro e alcaçuz se fazem sentir.  Na boca o destaque vem pelo sabor de carne crua e a salinidade de azeitonas pretas, tudo isso acompanhado por uma acidez cortante que lhe confere frescor, intensidade e um persistente final de boca.

 

Degustar este Terrano é fazer uma viagem privada a uma distinta região vinícola.

 

Um brinde a diversidade nos vinhos.

 

William Máximo

Sommelier Enoteca Decanter Londrina

Especialista em vinhos pela WSET.

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